sábado, 4 de dezembro de 2010

A Resenha da semana: Delegado vai ouvir vereador sobre lavagem de dinheiro

O vereador de São Gonçalo do Amarante, Edson Arcanjo da Silva, conhecido como “Nino”, deve ser novamente intimado para prestar depoimento a respeito da investigação que está sendo feita pela Delegacia de Polícia Civil da cidade para apurar um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. O depoimento do político estava marcado para a manhã de ontem, mas ele não compareceu. 

Polícia flagrou em setembro assessor com cartões de créditos
Polícia flagrou em setembro assessor com cartões de créditos

Além do vereador “Nino”, estava previsto o depoimento na manhã de ontem do também vereador e presidente da Câmara Municipal, Milton Siqueira. Ele compareceu ao chamado da Polícia e conversou com o delegado responsável pela investigação, Delmontiê Falcão, mas disse desconhecer as denúncias e o suposto esquema de corrupção. A investigação, segundo a Delegacia, teria começado depois que um assessor direto de “Nino”, João Maria Pereira, foi detido com vários cartões de créditos e cheques de funcionários contratados do gabinete do vereador. 

O flagrante foi feito em setembro, em uma agência do Banco do Brasil e o assessor foi encaminhado para a delegacia para prestar esclarecimentos. Eram mais de 20 cartões de créditos, todos de funcionários da Câmara. “Além dos cartões, encontramos na agenda dele também as senhas das contas. Cheques assinados pelos funcionários também estavam com o assessor”, afirmou um dos policiais civis da Delegacia – nome preservado.



Os salários dos funcionários variavam de R$ 600 a R$ 1.900 e, pelo que aponta a investigação, boa parte desses valores depositados mensalmente nas contas pessoais dos trabalhadores seria sacada pelo assessor e empregados em uma empresa fantasma registrada no nome de “laranjas”, mas que teria como operador o próprio “Nino”. “Apenas uma parte dos salários (menos de dois terços) ficaria realmente com os funcionários. O restante, seria sacado pelo assessor e depositado nessas empresas, para lavagem de dinheiro”, contou o policial civil. 



Até o momento, cerca de dez envolvidos já foram ouvidos na Delegacia. “Alguns afirmaram que chegavam a dar expediente na Câmara. No entanto, das vezes que fomos até lá, só encontramos o assessor e o vereador no gabinete”. 



Os quatro últimos funcionários ouvidos na Delegacia afirmaram que só falariam em juízo – eles, inclusive, têm o mesmo advogado. 



Segundo o delegado Delmontiê Falcão, a investigação está sendo feita pelo MP. “Eles começaram antes, investigando uma denúncia de irregularidade na contratação de funcionários da Câmara. Estamos trabalhando em parceria com eles”, afirmou o delegado, que deve intimar novamente o vereador a depor. “Ele pode até chegar aqui e negar tudo, ou só falar em juízo, mas tem que vir”, afirmou.



O motivo para “Nino” não ter ido à Delegacia seria uma viagem que o advogado dele faria no mesmo período. “Houve a justificativa desta vez, mas caso ele não compareça e nem se justifique, poderíamos recorrer à condução coercitiva para que ele compareça”, afirmou o delegado, que apontou os depoimentos desses envolvidos como as últimas etapas do inquérito antes de enviá-lo à Justiça. A Tribuna do Norte tentou entrar em contato com o vereador “Nino”, mas não conseguiu.



Matéria publicada no dia 4 de dezembro pela Jornal Tribuna do Norte

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