O Rio Grande do Norte pode estar vivendo um surto de dengue e ninguém sabe. A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) ainda não dispõe de todos os dados sobre casos de dengue no Estado. Apesar da obrigatoriedade de fornecer as informações, 113 dos 167 municípios ainda não enviaram o número de casos notificados, nem suspeitos, nem descartados, nem óbitos. Nada. São municípios silenciosos. Isso preocupa porque com os números que dispõe atualmente, a secretaria registra índice baixo de incidência de dengue. Entre 1º de janeiro e 28 de fevereiro, foram 1.757 casos notificados, 56,44% a menos do que o mesmo período do ano passado, quando o Estado tinha 4.034 casos de dengue. Apesar disso, já são oito óbitos, dois a mais do que em 2011, três somente na semana passada.
Vários fatores indicam a possibilidade de aumento no número de casos. A circulação da dengue do sorotipo 4, as falhas na prevenção, a chegada do período de chuvas e, principalmente, o relaxamento da população são os indícios mais fortes dessa preocupação das autoridades de saúde pública potiguares. No ano passado, apenas Natal e Mossoró registraram a presença do vírus tipo 4 da dengue. Este ano, além desses, toda a região metropolitana e cidades-polo como Pau dos Ferros e Caicó já apresentaram casos notificados do novo vírus. A capital, até agora, tem 393 casos notificados, 14 da forma mais grave (hemorrágica), e um óbito. A maior parte dos casos ocorre na Zona Oeste, especialmente no bairro das Quintas, com 68 casos registrados. A morte por dengue aconteceu em Santos Reis, Zona Leste.
"Observando a redução de 56%, a gente pensa que a situação está boa. Não, não é isso. Esses municípios silenciosos que ainda não informaram nos assustam. Já vemos uma grande quantidade de óbitos este ano. Sem esses dados, é claro que há casos de dengue clássica que não são notificados. Ou seja, não é tranquilizante, e sim preocupante", frisa Juliana Araújo, subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap. "Três mortes num mesmo boletim epidemiológico é inadmissível. Mostra que houve falha na prevenção, um relaxamento da população em ver que, quando não há números alarmantes, ela deixa de se preocupar com os cuidados e com os criadouros do mosquito transmissor. A coisa mais difícil na saúde é mudar hábitos", comenta.
O surto não pode ser diagnosticado, neste momento, porque, com os dados de que a Sesap dispõe e que fornece ao Ministério da Saúde, a curva do diagrama de controle não ultrapassa o índice registrado em anos anteriores. "O gráfico mostra um decréscimo muito grande, mas a dengue não tem esse comportamento. No máximo estabiliza e cai aos poucos. Esse despencar de casos mostra falha na notificação", destaca Juliana, ao apresentar o gráfico preparado e apresentado às secretarias municipais do interior no dia 14 de fevereiro. Em 2012, Alexandria e Guamaré já foram classificadas com surto de dengue. "A gente sabe que o sorotipo 4 está circulando. Mais um motivo para aumento no número de casos. Além disso, temos uma alta taxa de letalidade. No final do ano girava em torno de quatro casos para cada 100 doentes. O ideal é menos de 1%. No passado, o Estado já chegou a ter 14% de letalidade".
Agora a Sesap aguarda os dados e pede a colaboração dos municípios. Isso porque o Ministério da Saúde descentralizou a ação de combate à dengue. A secretaria estadual, por exemplo, monitora e recebe os dados. "Recursos para os municípios vêm direto do Ministério da Saúde. Apenas monitoramos. Ações de combate à doença e, principalmente, prevenção, é atribuição direta das secretarias municipais de saúde". No final do ano passado, 35 municípios do Estado foram apontados pelo Ministério da Saúde como de alto risco de surto de dengue. Toda a Grande Natal, Mossoró, Pau dos Ferros e Caicó são cidades-polos e estão incluídas na lista. O valor investido para os municípios foi de R$ 776 mil, 20% do total direcionado para Vigilância em Saúde no Estado.
Fatores de risco aumentam perigo
Vários fatores aumentam o risco de um surto nos meses de março e abril. "Coleta irregular de lixo, a intermitência de água, o acúmulo de água que as pessoas fazem, as chuvas intermitentes, que reveza com o período de sol, ideal para a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Todos são fatores que se somam. Além disso, a circulação de um sorotipo novo mostra que temos que vigiar de forma constante. A estratégia da Sesap, enquanto órgão apoiador e fiscalizador, é fazer visitas técnicas, análise de dados, emitimos relatórios, fazermos reuniões com os secretários e apontarmos a problemática. Estamos fazendo isso", diz Juliana.
Cristiana Souto, diretora do Departamento de Vigilância à Saúde do município de Natal, disse que na capital os casos estão aumentando e espera que haja mais risco nos meses de março e abril. "São os meses mais críticos", diz. "Por causa do clima, com a presença das chuvas esparsas e existência de muitos terrenos baldios com lixo, as pessoas ainda têm, infelizmente, o hábito de retirar seu lixo e colocar no terreno do vizinho. Aqui em Natal, a circulação desde julho do ano passado do sorotipo 4, que não é tão agressivo quanto o sorotipo 2, mas que há mais de 30 anos não circulava no país, deixa toda a população suscetível ao risco de contrair dengue".
No ano passado, o município adotou uma estratégia que a diretora considerou errada. Foi a terceirização do tratamento de dengue, ao custo de R$ 8 milhões, que se resumia na existência de vans que levariam doentes a um Centro de Hidratação em Cidade da Esperança, dotado de infraestrutura para tratamento, e na contratação temporárias de agentes de endemias. "O projeto foi reavaliado e cancelado. Não pretendemos adotá-lo este ano. Já recebemos do Governo Federal R$ 800 mil especificamente para tratar a dengue, além de outros recursos que também são destinados à prevenção. Além disso, vamos fazer aum concurso público para efetivar 150 agentes de endemias. Natal terá, ao todo, 600 agentes, número ideal para a quantidade de imóveis existentes na cidade",finalizou Cristiana.
Vários fatores indicam a possibilidade de aumento no número de casos. A circulação da dengue do sorotipo 4, as falhas na prevenção, a chegada do período de chuvas e, principalmente, o relaxamento da população são os indícios mais fortes dessa preocupação das autoridades de saúde pública potiguares. No ano passado, apenas Natal e Mossoró registraram a presença do vírus tipo 4 da dengue. Este ano, além desses, toda a região metropolitana e cidades-polo como Pau dos Ferros e Caicó já apresentaram casos notificados do novo vírus. A capital, até agora, tem 393 casos notificados, 14 da forma mais grave (hemorrágica), e um óbito. A maior parte dos casos ocorre na Zona Oeste, especialmente no bairro das Quintas, com 68 casos registrados. A morte por dengue aconteceu em Santos Reis, Zona Leste.
"Observando a redução de 56%, a gente pensa que a situação está boa. Não, não é isso. Esses municípios silenciosos que ainda não informaram nos assustam. Já vemos uma grande quantidade de óbitos este ano. Sem esses dados, é claro que há casos de dengue clássica que não são notificados. Ou seja, não é tranquilizante, e sim preocupante", frisa Juliana Araújo, subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap. "Três mortes num mesmo boletim epidemiológico é inadmissível. Mostra que houve falha na prevenção, um relaxamento da população em ver que, quando não há números alarmantes, ela deixa de se preocupar com os cuidados e com os criadouros do mosquito transmissor. A coisa mais difícil na saúde é mudar hábitos", comenta.
O surto não pode ser diagnosticado, neste momento, porque, com os dados de que a Sesap dispõe e que fornece ao Ministério da Saúde, a curva do diagrama de controle não ultrapassa o índice registrado em anos anteriores. "O gráfico mostra um decréscimo muito grande, mas a dengue não tem esse comportamento. No máximo estabiliza e cai aos poucos. Esse despencar de casos mostra falha na notificação", destaca Juliana, ao apresentar o gráfico preparado e apresentado às secretarias municipais do interior no dia 14 de fevereiro. Em 2012, Alexandria e Guamaré já foram classificadas com surto de dengue. "A gente sabe que o sorotipo 4 está circulando. Mais um motivo para aumento no número de casos. Além disso, temos uma alta taxa de letalidade. No final do ano girava em torno de quatro casos para cada 100 doentes. O ideal é menos de 1%. No passado, o Estado já chegou a ter 14% de letalidade".
Agora a Sesap aguarda os dados e pede a colaboração dos municípios. Isso porque o Ministério da Saúde descentralizou a ação de combate à dengue. A secretaria estadual, por exemplo, monitora e recebe os dados. "Recursos para os municípios vêm direto do Ministério da Saúde. Apenas monitoramos. Ações de combate à doença e, principalmente, prevenção, é atribuição direta das secretarias municipais de saúde". No final do ano passado, 35 municípios do Estado foram apontados pelo Ministério da Saúde como de alto risco de surto de dengue. Toda a Grande Natal, Mossoró, Pau dos Ferros e Caicó são cidades-polos e estão incluídas na lista. O valor investido para os municípios foi de R$ 776 mil, 20% do total direcionado para Vigilância em Saúde no Estado.
Fatores de risco aumentam perigo
Vários fatores aumentam o risco de um surto nos meses de março e abril. "Coleta irregular de lixo, a intermitência de água, o acúmulo de água que as pessoas fazem, as chuvas intermitentes, que reveza com o período de sol, ideal para a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Todos são fatores que se somam. Além disso, a circulação de um sorotipo novo mostra que temos que vigiar de forma constante. A estratégia da Sesap, enquanto órgão apoiador e fiscalizador, é fazer visitas técnicas, análise de dados, emitimos relatórios, fazermos reuniões com os secretários e apontarmos a problemática. Estamos fazendo isso", diz Juliana.
Cristiana Souto, diretora do Departamento de Vigilância à Saúde do município de Natal, disse que na capital os casos estão aumentando e espera que haja mais risco nos meses de março e abril. "São os meses mais críticos", diz. "Por causa do clima, com a presença das chuvas esparsas e existência de muitos terrenos baldios com lixo, as pessoas ainda têm, infelizmente, o hábito de retirar seu lixo e colocar no terreno do vizinho. Aqui em Natal, a circulação desde julho do ano passado do sorotipo 4, que não é tão agressivo quanto o sorotipo 2, mas que há mais de 30 anos não circulava no país, deixa toda a população suscetível ao risco de contrair dengue".
No ano passado, o município adotou uma estratégia que a diretora considerou errada. Foi a terceirização do tratamento de dengue, ao custo de R$ 8 milhões, que se resumia na existência de vans que levariam doentes a um Centro de Hidratação em Cidade da Esperança, dotado de infraestrutura para tratamento, e na contratação temporárias de agentes de endemias. "O projeto foi reavaliado e cancelado. Não pretendemos adotá-lo este ano. Já recebemos do Governo Federal R$ 800 mil especificamente para tratar a dengue, além de outros recursos que também são destinados à prevenção. Além disso, vamos fazer aum concurso público para efetivar 150 agentes de endemias. Natal terá, ao todo, 600 agentes, número ideal para a quantidade de imóveis existentes na cidade",finalizou Cristiana.
fonte: Dn on line
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